Existe vida além do boletim

É comum – e compreensível – pais, mães ou responsáveis por crianças e adolescentes ficarem aflitos ao ver o boletim do filho cheio das chamadas “notas vermelhas”. É claro que há tempos as notas deixaram de ter essa cor, mas a expressão é usada para se referir às notas abaixo da média estabelecida por cada instituição. Aí vem uma mistura de sentimentos. Alguns ficam incomodados, irritados, bravos mesmo. Outros ficam preocupados, tristes e angustiados. E há até quem fique indiferente, infelizmente. Mas parece que há um sentimento é comum à maioria daqueles que zelam pela meninada: a culpa. E como lidar com isso? Como ajudar o filho a melhorar suas notas?

Primeiro é preciso lembrar, mesmo parecendo uma obviedade, que notas são consequência do processo, não a causa. Enquanto os alunos estudarem somente por causa delas, não haverá aprendizagem efetiva. Nosso desafio é fazê-los entender que se estuda para aprender, não para fazer prova. A prova, como o nome já diz, é uma necessidade burocrática de comprovação dessa aprendizagem.

Quantas vezes sabemos que eles estudaram com dedicação e não conseguiram “devolver” em uma prova? Há pais que me dizem isto: “eu estudei junto, ele sabia todo o conteúdo”. Mas, no momento da avaliação, infelizmente o menino não conseguiu um bom desempenho. Fatores emocionais podem sim influenciar nesse resultado negativo, afinal, não são poucos os casos de quem tem verdadeiro pânico em momentos de provas e afins. Mas, excetuando-se esses casos, é preciso refletir sobre o que está fazendo com que a garotada não esteja tendo êxito aos finais dos bimestres e trimestres.

E, nessas horas, adultos responsáveis não buscam culpados, tampouco soluções milagrosas. Não adianta dizer que é a culpa é do professor, da escola ou do celular. E também não é sensato , apenas por causa de notas baixas, já partir para um psiquiatra em busca de remédios. Conversar com um profissional da educação, de preferência que acompanhe a rotina escolar do filho, é uma atitude de bom senso. Quando a escola e a família traçam estratégias juntas, fica mais fácil ajudar a criança ou o adolescente.

Mas é necessário salientar que ajudar não é fazer por eles, mas sim com eles. A preguiça e a desculpa formam um dupla perigosa. E, se deixarmos a garotada solta, dificilmente as coisas darão certo. Acompanhar a trajetória escolar do filho exige amor, paciência e exercício da autoridade. Instruir, aconselhar, conversar. Fazer combinados e cumpri-los. Cobrar e, se for preciso, punir, mas sempre de forma ponderada.

Não podemos buscar soluções Tabajara para educar nossos filhos. Jamais haverá uma fórmula que consiga resolver de uma vez por todas nossos problemas. Talvez uma criança de 10 anos não consiga boas notas em Matemática, mas ao longo da vida irá se destacar em outras áreas. Quem sabe aquele adolescente de 15 que tem meia dúzia de “notas vermelhas” no boletim consiga sim entrar na universidade e sair de lá como um profissional apto para o mercado de trabalho.

Pensar assim não significa se conformar com maus resultados. Significa perceber que não podemos focar apenas nos números. Como adultos que educam, na família ou na escola, nosso papel é estimulá-los a fazer o melhor que puderem. Sempre. E, se o melhor que eles conseguirem fazer resultar numa nota 50, que seja. Existe vida além do boletim. A gente só precisa ensinar essa lição pra eles.

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