Honestidade não pode ser exceção

Dentre tantos problemas que afligem o nosso país, sem dúvida a corrupção ocupa lugar de destaque. Durante períodos eleitorais, por exemplo, quando homens e mulheres pleiteiam cargos do executivo e do legislativo, esse problema é combatido à exaustão. Pelo menos nos discursos, a maioria deles mais perto do blá blá blá que de outra coisa. E chega a ser curioso como a honestidade, ingrediente necessário ao caráter de quem não se dobra à corrupção, é propagandeada como se o honesto merecesse um atestado ou uma medalha de honra ao mérito.

Aquele que encontra uma bolsa de dinheiro e a devolve para o dono, por exemplo, é quase  convidado a desfilar em carro aberto. Ou o político que não desvia verba da educação se sente à vontade para colocar isso no currículo como algo digno de um ‘”parabéns, continue assim” no seu caderno. Parece que, cada vez mais, a regra se torna exceção. E o que era para ser exceção se torna regra.

Fora do universo político a corrupção também faz estragos e atrapalha o convívio social. Abrir os cofres públicos e transferir o dinheiro para uma conta na Suíça não é a única forma de merecer o título de “corrupto”. Cidadãos que não estão na política também colaboram para as estatísticas.

Como isso acontece? Em pequenas, mas graves, ações do dia a dia. O famigerado “jeitinho brasileiro”  pode falar mais alto e a amizade e a troca de favores conseguem furar uma lista de espera, por exemplo. Ou quem sabe a falta de honestidade faça alguém ignorar a placa de vaga exclusiva para idosos ou deficientes. Ou talvez sonegar impostos, fazer propaganda enganosa para lucrar mais e desrespeitar as regras do condomínio onde mora. Às vezes a mesma pessoa que esbraveja aos quatro ventos a sua indignação com a corrupção no Brasil é a que, ao ser abordada pelo policial em uma blitz, sutilmente – ou descaradamente – abre a carteira para não ser multada. Às vezes os que se mostram solidários aos olhos da sociedade e empunham a bandeira do voluntariado são os mesmos a ignorar as leis trabalhistas e explorar os próprios colaboradores.

Adultos viciados nessas atitudes normalmente incutem nas crianças e nos adolescentes a ideia de que o mundo é dos espertos. São comportamentos inaceitáveis quase aceitos como “normais”; mas não são. São comuns, ou seja, acontecem com frequência, mas não devemos nos conformar com eles. O normal é ser honesto. O normal é saber esperar a vez. O normal é não burlar as regras. O normal é respeitar o espaço alheio. O normal é não ficar com dinheiro que não nos pertence.

Normal é deixar a esperteza de lado porque, mesmo o mundo querendo nos convencer do contrário, a escolha mais certa é ser honesto.

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