Dito com equilíbrio e afeto, o “não” contribui no processo de formação

Já ouviu falar de “broncas necessárias”? A expressão pode ser soar estranha, mas  vez ou outra broncas são necessárias quando assumimos a missão de educar crianças e adolescentes e são todas as intervenções que fazemos sempre que eles ultrapassam a linha que separa o que é correto do que não é. Compreender o valor do “não” é uma importante lição para os pais ensinarem e também para aprenderem. Com equilíbrio e afeto, essa postura pode trazer muitos benefícios  à formação de quem precisa compreender que a vida nem sempre nos dirá “sim”.

Não são poucos os casos de pais ou responsáveis que têm medo de deixar de atender aos pedidos do filho. “Será que ele vai continuar gostando de mim?”, perguntam-se. Amam tanto que esse amor chega a cegá-los. E essa cegueira impede que percebam o quanto esse aparente gesto de afeto pode influenciar negativamente na educação dos seus filhos. Crianças que ouvem apenas “sim” tornam-se adolescentes mimados. E adolescentes mimados tornam-se adultos despreparados, daqueles que se frustram por qualquer coisa e ficam perdidos sempre que os outros não lhes agradam.

Mesmo que não pareça, a infância e  a adolescência são fases em que as pessoas gostam de ter quem os oriente, quem lhes diga o que fazer. E o que não fazer.  Pais muito liberais, que permitem tudo, passam às vezes a impressão de que não se importam com seus filhos. Parece que é mais fácil bancar o paizão legal a exercer a autoridade, que é legítima. Nesse sentido, também há os adultos que imaginam ser o “não” uma demonstração de autoritarismo. Mas o pai autoritário não é aquele que diz “não”, mas sim o que não ouve o filho, aquele que não aprendeu a dialogar, que impõe regras sem explicá-las.  Diferenciar autoritarismo de exercício pleno da autoridade é essencial a quem busca um equilíbrio na missão de educar.

Famílias em que as crianças e os adolescentes são tratados como reizinhos tendem a ser desestruturadas. Por quê? Porque o aparente clima de harmonia vindo da ausência de “nãos” é uma ilusão. Mais cedo ou mais tarde a falta de limites começará a causar estragos nas relações. E aí talvez um adulto, sentindo-se até magoado com o comportamento do filho, pense “faço tudo que ele quer e ainda me trata assim”. Pois é. Esse é o problema.

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