Nossos filhos e seus ídolos

Na década de 80, não foram poucas as meninas que gritaram histericamente cada vez que os Menudos apareciam em algum programa de televisão.  A música “Não se reprima”, por exemplo, até hoje causa efeitos colaterais em quem foi adolescente naquela época. Os cinco rapazes porto-riquenhos não ficaram muito tempo em evidência, mas o suficiente para receberem o título de “ídolos” da meninada.  E,  segundo o dicionário, ídolo pode ser uma “estátua que representa uma divindade que se adora”. Ou então “pessoa à qual se prodigam louvores excessivos ou a que se ama apaixonadamente”. Um terceiro significado para a palavra refere-se a “ certas figuras que desfrutam de grande popularidade”.

Ter crises histéricas por causa de algum cantor ou ator do momento não é um sintoma perigoso. Se aconteceu com milhares de adolescentes trinta anos atrás, como julgar quem hoje se descabela por causa de um youtuber descolado? A atenção dos adultos que educam deve estar nos exemplos que essas personalidades transmitem.  É natural que adolescentes elejam homens e mulheres para imitar. E, ao contrário do que acontecia na tenra infância, é bem provável que  o pai e a mãe não sejam os eleitos.

Algumas celebridades, por viverem sob os holofotes e sobre o tapete vermelho, nem sempre mostram competência para administrar a vida pessoal.  Elas têm talento de sobra nos palcos e em frente às câmeras, por exemplo, mas podem não ser  modelos de conduta.  Não temos que nos preocupar se nossos filhos admiram um cantor cujas músicas não nos agradam ou um autor cujos livros nos causam arrepios,  mas a luz vermelha se acende se eles começarem a idolatrar atitudes de rebeldia sem causa, aquelas que beiram a estupidez.  Comportamentos desregrados com drogas ilícitas, álcool em excesso e banalização do sexo podem influenciá-los de maneira nociva.

E a proibição não é o caminho. A frase é clichê, mas o bom e velho diálogo continua sendo a forma mais eficaz de lhes mostrar ser necessário separar a conduta profissional da conduta pessoal dos seus ídolos, afinal, sozinhos eles não têm condições de ter esse discernimento. Aí, qualquer bobagem viraliza e ganha milhões de curtidas.

Temos, no Brasil e no exterior, muitos nomes que podem servir de modelo para adolescentes e jovens. No esporte, na música, na dramaturgia, nas passarelas, na literatura, na dança. Até na política, embora dê um pouquinho mais de trabalho para achar. Enfim, não faltam exemplos de talento, dedicação e superação. Homens e mulheres que fazem – ou fizeram – história pela maneira como conduziram sua vida.

Se soubermos transmitir essa lição aos nossos filhos de maneira inteligente, quem sabe até deixemos as celebridades para trás na lista de ídolos e sejamos nós os eleitos.

 

 

 

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