Comunicação virtual não pode se sobrepor a sentimentos reais

Há muito tempo atrás, havia uma comunidade que vivia de maneira extremamente organizada. Cada um tinha sua função, todos cumpriam seus afazeres e a vida seguia seu curso, como tinha de ser. Tudo funcionava, todos estavam satisfeitos e felizes. Mas, numa manhã, o céu, de repente, escureceu.

O dia virou noite, veio uma forte ventania que derrubou o grande barracão onde funcionavam todas as atividades dessa comunidade, além de suas casas e todo pequeno comércio que ali funcionava. Após o vendaval passar, as pessoas começaram a recolher os destroços para tentar reconstruir tudo, porém começou um temporal.

Todos recolheram o que puderam para construir um abrigo emergencial e ali se recolheram. A chuva não findava, mas, em alguns momentos, tornava-se mais calma. E, durante estes momentos, algumas pessoas tentavam recolher outros materiais para melhorar o abrigo improvisado.

Outras, ainda em choque, contentavam-se com o que já tinham. Algumas, só sabiam reclamar e ver o que lhes faltava, sem perceber o que lhes havia restado. Não houve previsão para tudo isso, não houve planejamento. Cada um ajudou como pôde e com as ferramentas e habilidades que possuía.

A chuva às vezes dava tréguas, outras vezes, caía torrencialmente e, claro, apesar de todo esforço dos que buscavam aliviar as necessidades da comunidade, ainda havia aqueles que não conseguiam perceber o quanto já havia sido feito e construído. Da melhor maneira possível, mesmo sem planejamento, mesmo sem todas as ferramentas necessárias, apesar da chuva, das dificuldades e das duras críticas.

E como não há mal que sempre dure, um dia, a chuva passou e o sol voltou a brilhar. As coisas puderam ser reconstruídas e reorganizadas aos poucos. A comunidade havia sobrevivido e saído mais fortalecida de todo o desastre. Talvez, pudesse ter saído menos machucada, ferida, doída, se todos tivessem tido mais empatia uns com os outros.

E assim, nos encontramos hoje, com esse isolamento social devido à pandemia do coronavírus. Buscando formas de adaptar nossas vidas, nossos trabalhos, nossas rotinas com tudo que nos foi imposto de maneira tão repentina, sem ter tido tempo para nos prepararmos para nada!

Sejamos a voz que alivia, que aconselha, não a que diz qualquer coisa, de qualquer maneira sem se preocupar com o ser humano que receberá sua fala. Em tempos virtuais, como o que estamos vivendo, as pessoas perdem o rosto, o tom de voz, e parece que muitos se esquecem de que virtual é apenas a forma de comunicação, não a pessoa com quem nos comunicamos.

Por Ivana Barankievicz – Coordenadora de Idiomas do Colégio Platão

Créditos da imagem: www.freepik.com

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