Estimular crianças e adolescentes a não desanimar diante das frustrações é um grande desafio para os adultos. E constantemente eles estão expostos a situações que exigirão essa postura. Na escola, o que não faltam são circunstâncias assim. Seja em um concurso de poesia, em um campeonato de futebol ou na disputa pela vaga na universidade. Todo o esforço necessário foi feito. Eles se dedicaram e fizeram o seu melhor. Há uma torcida grande pela vitória. Mas, no final, outro colega ganha o concurso, outro time leva o primeiro lugar ou o nome do adolescente não está na lista de aprovados. E aí, impulsivamente, alguns responsáveis buscam explicações equivocadas para consolar seus filhos, como lhes dizer que o juiz roubou e por isso o time adversário foi campeão. Há também uma outra atitude paterna nociva: ao invés de confortá-los e lhes estimular a continuar tentando, os familiares adultos fazem críticas destrutivas. Algo como “estou decepcionado com você”. Parece cruel, mas acontece muito por aí.
Condenar os filhos após uma derrota ou privá-los o quanto for possível de frustrações. Em qualquer uma dessas circunstâncias o estrago será grande na formação deles. A falta de estímulo e incentivo no momento da decepção cria adultos que não acreditam em si mesmos. Falta-lhes a autoestima necessária para crer que são capazes. Na infância, sobrou bronca e faltou afago na hora do aperto. Do lado oposto, estão os pais que colocam a prole sob uma redoma e não querem cogitar a hipótese de ela viver algum tipo de frustração. Ingenuamente, educam seus filhos para viver em um lindo mundo da imaginação. No futuro, quando forem adultos e algo não der certo, não saberão lidar com o sentimento de frustração. Sofrerão além da conta e buscarão culpados pela sua derrota para se sentirem aliviados.
É claro que enfrentar e superar a frustração não é algo simples, principalmente ao considerarmos a faixa etária. Uma criança de 4 ou 5 anos terá mais dificuldade de compreender que aquela viagem para a praia, tão aguardada pela família, foi cancelada por motivos financeiros. Se nós, com toda a experiência acumulada, de vez em quando ainda amargamos uma decepção, imaginem os pequenos. Mas, ao receber carinho e apoio, fica mais fácil aprender essa lição.